sexta-feira, 24 de junho de 2011

9 anos - Feliz aniversário!!

O aniversário do Pedro serve-me sempre de marco para perceber o que aconteceu entre o 24 de Junho de 2010 e o 24 de Junho de 2011.

Está cada vez mais crescido, agora alternando comportamentos de rapaz, com outros de bébe, mais calmo e concentrado, outras numa agitação que ele próprio não consegue controlar.
Se queria mais... queria! Mas, ao mesmo tempo, penso que conquistou tantas coisas, que não se conseguem medir, mas que me fazem sentir o maior amor e orgulho por ele...
A nossa aventura continua... haveremos de ter surpresas, boas, más e assim assim. Hoje, foi a sua maior expressão de tristeza pela saída dos convidados no final da sua festa, verbalizando que amanhã haveria a oportunidade de um reencontro, que me trouxe uma boa surpresa.

A nossa aventura vai continuar... e tu serás sempre o meu tesouro!

sábado, 18 de junho de 2011

Não, não foi um sonho...

Ao longo do projecto ABA, tenho referido a satisfação com que o Pedro tem sido integrado e incluido numa escola - pública -, tanto pela sua professora, que é fantástica, como pelos colegas e amigos exemplares da turma, que se estende também aos auxiliares e restantes professores.
O Pedro tem participado também nas actividades extra-curriculares, embora este ano tenhamos excluído o Inglês. A sua aprendizagem de uma lingua estrangeira estava longe de ser uma tarefa eficaz, motivadora ou bem sucedida.
Neste 2º ano de escolaridade frequenta: Actividade Fisica, Expressão Plástica, Música, e Apoio ao Estudo.

Tal como no 1º ano, integramos a intervenção intensiva ABA na Escola, articulando o horário e colocando à disposição dos professores, apoio das terapeutas que desde sempre têm acompanhado o Pedro.

Temos considerado uma experiência muito positiva, mas ... finalmente este ano está a chegar um cheirinho daquilo que tanto receávamos... 

Conto, não conto, vou contar... Imaginem um filme com a seguinte sequência: Festa de final de ano da Escola, muitas crianças, professores e familias em convivio, juntos para assistirem e participarem em diversas actividades. Todos os alunos passam por um pequeno palco, para cantar, dançar, o que fosse. O Pedro que muito esperou pela sua vez, tentou gerir a sua actual agitação e ansiedade, junto da professora e colegas, que muito positivamente contribuiram para que ele se mantivesse perto deles. Finalmente a turma do Pedro é chamada ao palco. Os alunos sobem e ele é último da fila.

E agora... Um professor que os organiza no palco troca um olhar com o professor de música, sobre a presença ou não do Pedro em palco. Ele abana a cabeça negativamente. O professor que está em cima do palco lança-lhe outro olhar, qualquer coisa como "a mãe está cá e não vai gostar", e parece que fica sem saber o que fazer. Umas professoras que estavam a apoiar a organização da actividade, num só gesto, decidem que o Pedro se mantem em palco. O professor colocou-o de mão dada com dois colegas, e a apresentação da música decorreu até ao fim.

O Pedro chegou perto de mim e disse-me "eu portei-me bem mãe!"... e um turbilhão de pensamentos e sentimentos me inundou o corpo e alma...

Primeiro senti-me muito poderosa por a minha presença ter colocado em causa a opção inicial do Pedro ser excluido de uma actividade. Depois o pensamento questionou-me sobre o que tem acontecido na escola, especialmente em Música (que é uma actividade que o Pedro parece gostar muito), o que aconteceria se eu não estivesse presente..., porque é que um professor seja ele qual for, toma uma opção assim..., tenho ou não razão para estar assim..., mas como é possivel uma coisa destas acontecer...e blá, blá, blá, blá...

Não, não é capricho nem mesquinhez da minha parte querer ver o meu filho num minusculo palco a representar ou a cantar. Sei que o rapaz não é lá muito afinado, não creio que tenha vocação para cantor, mas tenho muito orgulho em que ele participe nas mais diversas actividades, que experimente coisas diferentes (desde que esteja minimamente motivado e consiga fazer alguma coisa), o que para mim será sempre uma forma de explorar e estimular competências, e promover a INCLUSÃO ... ou não?

Sim, eu sei que o meu filho tem autismo, assumo isso, e melhor que ninguém conheço as suas tremendas dificuldades e o dificil que é trabalhar com ele, ainda mais incluido num grupo de crianças com competências que cada vez se distanciam mais das suas.

Senti-me assim como que a assistente de realização de um filme, que não foi escrito por mim, num idioma tão explicito de troca de olhares, em que não era necessário dicionário para fazer a tradução.

E fiquei tão ZANGADA e MAGOADA, por ter decifrado demasiado bem o excerto de uma história de que não conheço o fim...

Veste a Diferença (video)